Era uma figura incontornável da cidade de Lisboa. Acenava a quem passava pela zona do Saldanha apenas porque acreditava que, dessa forma, fazia os lisboetas mais felizes. Eles acenavam de volta. João Manuel Serra faleceu ontem aos 80 anos.
Todos os dias, o Senhor do Adeus andava pelas ruas de Lisboa acenando a quem passava, cumprimentando com um adeus bem contente os carros que lhe buzinavam também eles retribuindo o aceno.
A explicação para o modo de vida peculiar disse-o um dia numa entrevista que, depois da morte da mãe, era a sua forma de afugentar a solidão «essa senhora é uma malvada, que me persegue por entre as paredes vazias da casa. Para lhe escapar, venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente».
João Manuel Serra nasceu em 1930 e era um amador de cinema, indo todos os domingos ao Corte Ingles ver e discutir os filmes com os amigos.
Tornaram-se célebres, as tertúlias semanais que partilhava com o amigo Filipe Melo (músico de jazz, realizador e autor de banda desenhada) que depois este comentava no blogue O Senhor do Adeus.
Ontem à noite, em vez da habitual crítica de João, foi uma despedida que Filipe Melo publicou:
«Todos os dias, o João dizia adeus às pessoas. Era assim que assim fazia as pessoas felizes e que as pessoas lhe retribuíam essa felicidade. Era um dos meus melhores amigos, e terei muitas saudades das nossas idas ao cinema e de o ver a sorrir e a trazer alegria a todos os que o rodeavam».
João Manuel Serra assinava também uma rubrica de cinema no programa A Rede, do Canal Q, "apareceu" na banda desenhada As Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy (de Filipe Melo e Juan Cavia), e participou no filme I’ll See You In My Dreams e na série de televisão O Mundo Catita.
. Neura! Nem sei explicar o que é a neura. É um estado de alma indefinido em que nos sentimos estranhos mas não sabemos explicar o que temos.
Estamos de mal com a vida, nada nos corre bem, ficamos irritadiços e achamos que somos os mais infelizes do Mundo. Depois sentimo-nos bem. E a seguir, volta tudo outra vez!
Ao mesmo tempo que me apetece estar sozinha no meu canto, prefiro estar com alguém que me distraia e a quem possa contar os problemas, desabafar. Alguém que me faça rir e deixar de pensar sempre no mesmo, mas depois quando fico só, lá vêm os pensamentos todos outra vez.
Deito-me bem e acordo mal. Deito-me mal e acordo com um excelente estado de optimismo, que dura pouco tempo.
E ando assim neste ciclo vicioso desde o inicio da semana. Bem que já era tempo de parar e mudar.
Eu não sou assim, e estou a modos que farta de mim, desta neura e de tudo o que me tem acontecido ultimamente.
. Continua a custar-me ver-te e estar contigo. Estive contigo no meio da multidão mas por vezes, sentia que estávamos sozinhos. Gosto, mas depois custa muito. Na altura faço-me de forte e consigo aguentar mas depois, quando passa um dia ou dois, fico de rastos.
O acumular de sentimentos e de raiva com a vida, de ser sempre mais do mesmo e não mudar nadinha, dá cabo de mim.
Depois vai aliviando… mas na altura sou um vulcão de emoções inexplicáveis.
(30/10 - hi-fi)
. Estou cansada de não ver solução para os meus problemas, de tanta confusão de sentimentos, de parecer que tudo vai mudar e ficar tudo na mesma...
Estou farta!!
Sinto-me cansada.
Mas quando é que dou o salto? Quando é que saio desta roda?